Fazia tempo que não postava
nada aqui, mas hoje, após assistir MINHA
VIDA COM LIBERACE, me deu vontade de escrever alguma coisa.
Uma produção da HBO Filmes, com direção de Steven Soderbergh (Traffic,
Sexo, Mentiras e Videotape, Onze Homens e um Segredo, O Inventor de Ilusões, Erin Brockovich, uma Mulher de Talento, Side
Effects, Che, Che 2 - A Guerrilha, Terapia de
Risco, Kafka, entre outros).
Diz-se ser este o último filme
de Soderbergh, que só aceitou o financiamento
de um canal televisivo porque, pasmemos, mesmo com a grandiosidade do nome de Soderbergh e do elenco composto pelos
monstros sagrados Michael Douglas e Matt Damon, os produtores
cinematográficos consideraram arriscado o tema da homossexualidade, pano de
fundo do filme.
Mesmo assim, o motivo anunciado
por Soderbergh para esta parada
(ainda que possa ser temporária), é de que vai se dedicar à pintura.
O filme é uma linda adaptação
do livro “Behind the Candelabra: My Life With Liberace”, escrito por Scott Thorson, que viveu durante cinco
anos com o pianista e showman Liberace,
uma das figuras mais populares do Show Business entre as décadas de 50 e 70,
conhecido tanto pelo seu virtuosismo, quanto por sua forma excêntrica de ser e
de viver.
Conta-se a história de como Scott foi apresentado a Liberace, em meados dos anos 70,
iniciando uma história conturbada de sedução, amor e dependência.
Scott tinha uma carente história familiar, era órfão e já passara por vários lares adotivos. Encontrou em Liberace um provedor, um pai, um irmão, um amor, que, como parecia ser seu comportamento costumeiro com os jovens, seduziu-o com sua riqueza e com propostas de adoção e testamento a fim de que Scott permanecesse amparado após a sua morte.
Tudo terminou com uma ação de
indenização, proposta por Scott em
face de Liberace, em 1982, argumentando
a promiscuidade do pianista e a sua própria dependência de drogas, que teria
sido provocada pelas cirurgias plásticas que Liberace o forçara a fazer.
Aliás, Liberace o convencera a fazer uma mudança em seu rosto, para que Scott pudesse ficar o mais assemelhado
possível a ele, Liberace.
O processo terminou com um acordo.
Liberace não tinha a menor coragem
de sair do armário e seus assessores estavam sempre cuidando em colocar na
mídia a imagem dele com um homem que estava em busca da mulher ideal.
Ao final, em tempos nos quais
perdíamos Rock Hudson pra o vírus
HIV, Liberace telefona para Scott a
fim de saber se ele estava bem de saúde, rogando por uma visita, pois estava à
beira da morte.
Scott (que
não tinha o vírus HIV) o visita, amorosamente, e aceita seu pedido de perdão.
Ainda que a causa da morte
tenha sido assinada por um médico como infarto, médicos de um departamento de
saúde americano investigaram e rapidamente revelaram a verdade, que Liberace morrera por complicações
causadas pelo vírus HIV.
Até ai uma história qualquer,
interessante, mas mais ou menos banal e corriqueira na Hollywood daqueles (e de
outros) tempos.
Acontece que a interpretação de
Matt Damon como Scott Thorson e de Michael
Douglas como Liberace são
simplesmente E-X-T-R-A-O-R-D-I-N-Á-R-I-A-S
e absolutamente impressionantes!
Vale o filme! Vale a direção de
Steven Soderbergh! Mas a atuação de Matt Damon e, ainda muito mais, a de Michael Douglas valem uma vida!
O filme levou oito Emmys, das
15 indicações que teve, nas categorias voltadas a minisséries e filmes para a
televisão: elenco, direção de arte, edição, hairstyling,
mixagem de som, figurino, fotografia, maquiagem com prótese e maquiagem sem
prótese.
"Minha Vida Com Liberace" levou o Emmy de Melhor Filme para TV e Michael
Douglas o de Melhor Ator de
Minissérie e Filme.
Imagina na Copa! Digo, no Oscar...
O produtor cinematográfico que se
arrependeu põe o dedo aqui, que já vai fechar!