
De algum modo, Aspöck, como bom dinamarquês,
deve ter aderido ao Dogma 95, ainda que labrador não se encaixe integralmente
nas regras no D95, mas é, certamente, um filme realizado com mais realismo e nada
comercial, tanto que levou o Prémio de Melhor Filme no Festival de Cinema de
Marraquexe (Marrocos) atribuído por um júri de peso.
Os personagens são
um casal, ele um jornalista dinamarquês, ela sueca, que vai visitar o pai dela,
um renomado artista plástico que vive como eremita numa ilha deserta na
companhia de Elvira, uma Labradora Retrieve.
O roteiro, fala sobre o modo como as relações entre o pai e a filha, findam por “freudperturbar” ao namorado jornalista, tudo sempre com uma música de fundo que ri das neuroses humanas; quando você pensa que o momento é tenso, entra a música da trilha sonora, te indicando que nada é grave e tudo é risível, ainda que pareça sério.
Metalinguagem
coloca corvos negros e a Labradora Retrieve, também negra a nos contar algo
sobre o que é obscuro nas relações familiares. O pai, por toda sua vida, sempre
passou os carnavais no Rio de Janeiro e tem até um apartamento em Copacana. A
filha, tendo nascido em novembro, só pode ser filha de outro homem, pois quando
o pai chegou do Rio sua falecida esposa já teria engravidado – descobre o
jornalista conjecturando em meio ao que ouve em sua visita à ilha deserta. Quais
são os limites do que podemos controlar nessa vida?
A filha avisa que
está grávida e seu companheiro avalia se quer ou não ter este filho. Em meio às
descobertas sobre a paternidade biológica do pai de sua companheira, vem a
pergunta: Você seria capaz de criar o filho de outro homem?
O filme é curto (73
min), cru e genial! Apesar do tom musical leve, é, sim, perturbador e
necessário. Olho nesses dinamarqueses, gente!
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