domingo, 30 de dezembro de 2012

THE LADY (2011)

THE LADY (ALÉM DA LIBERDADE) é uma história real, roteirizada por Rebecca Frayn, através de relatos de jornalistas, a respeito da Birmânia e sua absurda e duradoura ditadura militar.

Com as lentes sobre a vida de Aung San Suu Kyi, vivida pela atriz Michelle Yeoh, o diretor Luc Besson vai nos conduzindo à parte substancial da situação Birmanesa, que há tempos vive em clima de horror e profunda violação de direitos humanos, diante de todo o mundo.

Aung San Suu Kyi era filha de um herói da Independência na Birmânia, mas deixara o país muito jovem, tendo se casado com o inglês Michael Aris, interpretado lindamente pelo ator David Thewlis, com quem teve dois filhos: Kim, vivido por Jonathan Raggett, e Alex, interpretado pelo ator Jonathan Woodhouse.

Tendo ido visitar a mãe, que tivera um AVC, Aung San Kyi acaba sendo proclamada como líder da resistência e, aceitando sua missão, finda por permanecer naquele país, conduzindo pacificamente os birmaneses, através de um movimento democrático de resistência.

Enfrentou retaliações e viu seus filhos e marido sendo cada vez mais impedidos de visita-la na Birmânia, até a proibição total. Viveu em prisão domiciliar durante anos, prisão essa que só foi revogada recentemente, em 2010.

Seu relacionamento familiar é uma linda história dentro da história. Seu marido, Michael Aris, jamais lhe cobrou que saísse da Birmânia e retornasse para o lar inglês. Ao contrário, além de dar conta, sozinho, dos dois jovens filhos, ainda movimentou o mundo acadêmico para que sua amada pudesse ser indicada ao Nobel da Paz, tudo no intuito de protegê-la da morte na mão dos impiedosos ditadores, que, de fato, só não a mataram para não criar um novo mártir, como fora seu pai.

Ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, Aung San Suu Kyi ouviu a cerimônia de transmissão da entrega do prêmio em um radinho à pilha, da prisão domiciliar em que se encontrava na Birmânia, assegurada por homens fortemente armados. Seu adorável esposo e filhos foram receber o prêmio em nome dela.

Aung San Suu Kyi, mesmo fora da prisão domiciliar, não poderia sair da Birmânia, pois era certo que, se o fizesse, jamais teria permissão para retornar ao seu país e conduzir a luta na busca pelo processo democrático.

Mesmo quando seu amado Michael Aris lhe telefona contando que está com câncer, Aung San Suu Kyi não pode sair... Mesmo quando seu amado Michael Aris morre (no mesmo dia em que ele completaria 53 anos de idade, 27 de março de 1999) Aung San Suu Kyi não pode sair...

O papel do amado tem tanta grandeza neste filme, homem das ciências, homem despojado, um humanista que abre mão do amor de sua vida em prol de um povo, de uma nação, a qual, ele afirma, precisa muito mais de sua esposa do que ele, que o filme poderia tranquilamente chamar-se The Lord... Linda vida, triste vida, grande vida, nobre vida, foi a deste homem, Michael Aris... Merece um filme à parte.

(Aris nasceu em Havana, Cuba. Sua mãe, Josette, era a filha do Embaixador do Canadá, e seu pai Inglês, um oficial do Conselho Britânico. Durante 6 anos foi professor particular dos filhos da família real do Reino do Butão, Himalaia. Escreveu sobre o Butão e culturas tibetanas do Himalaia, além de ser autor de vários livros sobre o budismo nessas regiões. Foi acadêmico e professor de história asiática nos Colégios St John's e St Antony, em Oxford.)

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