Com as lentes sobre a vida de Aung San Suu Kyi, vivida pela atriz Michelle Yeoh, o diretor Luc Besson vai nos conduzindo à
parte substancial da situação Birmanesa, que há tempos vive em clima de horror
e profunda violação de direitos humanos, diante de todo o mundo.
Aung
San Suu Kyi era filha de um herói da Independência na
Birmânia, mas deixara o país muito jovem, tendo se casado com o inglês Michael Aris, interpretado lindamente
pelo ator David Thewlis, com quem
teve dois filhos: Kim, vivido por Jonathan Raggett, e Alex, interpretado pelo ator Jonathan Woodhouse.
Tendo ido visitar a mãe, que
tivera um AVC, Aung San Kyi acaba
sendo proclamada como líder da resistência e, aceitando sua missão, finda por
permanecer naquele país, conduzindo pacificamente os birmaneses, através de um
movimento democrático de resistência.
Enfrentou retaliações e viu
seus filhos e marido sendo cada vez mais impedidos de visita-la na Birmânia,
até a proibição total. Viveu em prisão domiciliar durante anos, prisão essa que
só foi revogada recentemente, em 2010.
Seu relacionamento familiar é
uma linda história dentro da história. Seu marido, Michael Aris, jamais lhe cobrou que saísse da Birmânia e retornasse
para o lar inglês. Ao contrário, além de dar conta, sozinho, dos dois jovens
filhos, ainda movimentou o mundo acadêmico para que sua amada pudesse ser
indicada ao Nobel da Paz, tudo no intuito de protegê-la da morte na mão dos
impiedosos ditadores, que, de fato, só não a mataram para não criar um novo
mártir, como fora seu pai.
Ganhadora do Prêmio Nobel da
Paz em 1991, Aung San Suu Kyi ouviu
a cerimônia de transmissão da entrega do prêmio em um radinho à pilha, da
prisão domiciliar em que se encontrava na Birmânia, assegurada por homens
fortemente armados. Seu adorável esposo e filhos foram receber o prêmio em nome
dela.
Aung
San Suu Kyi, mesmo fora da prisão domiciliar, não poderia
sair da Birmânia, pois era certo que, se o fizesse, jamais teria permissão para
retornar ao seu país e conduzir a luta na busca pelo processo democrático.
Mesmo quando seu amado Michael Aris lhe telefona contando que
está com câncer, Aung San Suu Kyi
não pode sair... Mesmo quando seu amado Michael
Aris morre (no mesmo dia em que ele completaria 53 anos de idade, 27 de
março de 1999) Aung San Suu Kyi não
pode sair...
O papel do amado tem tanta
grandeza neste filme, homem das ciências, homem despojado, um humanista que
abre mão do amor de sua vida em prol de um povo, de uma nação, a qual, ele afirma,
precisa muito mais de sua esposa do que ele, que o filme poderia tranquilamente
chamar-se The Lord... Linda vida, triste vida, grande vida, nobre vida, foi a
deste homem, Michael Aris... Merece
um filme à parte.
(Aris nasceu em Havana, Cuba. Sua mãe, Josette, era a filha do
Embaixador do Canadá, e seu pai Inglês, um oficial do Conselho Britânico. Durante
6 anos foi professor particular dos filhos da família real do Reino do Butão, Himalaia.
Escreveu sobre o Butão e culturas tibetanas do Himalaia, além de ser autor de vários
livros sobre o budismo nessas regiões. Foi acadêmico e professor de história
asiática nos Colégios St John's e St Antony, em Oxford.)
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