O
fraquinho dinamarquês O Amante da Rainha,
infelizmente, não consegue nos passar maiores reflexões do que esta.
É
certo que a questão dos valores humanistas, presentes no censurado Iluminismo na
Dinamarca, à época dos fatos (século XVIII), tenta emprestar alguma
nobreza de valores ao filme, mas, ao final, você percebe mesmo é que assistiu a
mais um filme de reis e rainhas, com alguma questionável informação histórica
sobre a Dinamarca.
Nem
a música, a fotografia e o figurino, recursos mais utilizados pelo diretor Nikolaj Arcel conseguem arrebatar-nos.
É
a história da inglesa Caroline Mathilde
(Alicia Vikander), que muito
jovem se torna rainha da Dinamarca ao ser desposada pelo rei totalmente
bipolar, Christian XVII (Mikkel Boe Følsgaard) e seu
romance com o provinciano médico alemão Johann
Struensee (Mads Mikkelsen) (aliás, que beleza nórdica, a de Mikkelsen! Seus traços faciais valem o filme!).
Resumidamente, ao chegar da Inglaterra, a
rainha se depara com uma Dinamarca nojenta, atrasada e preconceituosa. Quando o
Dr. Struensee
é chamado para cuidar da loucura do
rei, a rainha, que já lhe dera um herdeiro (Frederik), acaba se identificando com o médico, que, como ela, é
defensor de ideias iluministas.
Os
dois se apaixonam e, como o médico passa a exercer forte influência sobre o rei,
conseguem implantar ideais humanistas na Dinamarca, abolindo a censura, a
tortura e implantando ações sociais que beneficiam o povo.
Porém,
após a rainha engravidar do médico e dar a luz a Louise Augusta, parte mais conservadora do reino, aliada à própria
mãe do rei, dão um golpe e fazem a Dinamarca voltar para a idade das trevas.
Caroline
é deportada para a Alemanha e condenada ao exílio eterno, onde morre jovem, não sem
antes deixar uma carta escrita para o casal de filhos, que nunca mais veria,
contando toda a sua história, que é a narrativa do filme, muito fraquinha, por
sinal.
O
mais bonitinho é saber, ao final do filme, que a carta escrita pela mãe mudou o
destino daquele país, ao ser lida pelos filhos em 1783.
Após
ler a carta, Frederik e Louise Augusta, a quem a mãe se dirige
na carta como “a melhor esperança da Dinamarca para um futuro melhor”, se dirigem
ao quarto escuro onde na cama está sentada a avó, e abrem a janela, deixando
entrar uma forte luz do dia, antevendo a adesão da Dinamarca ao Iluminismo,
pela mão dos dois jovens.
O
filme acaba e você tem a informação de que, com a ajuda de seu pai, Frederik organizou um golpe e tomou o
poder aos 16 anos de idade (bom garoto!), banindo da corte o conselho de
traidores e reinando durante 55 anos com a restauração das ideias outrora
implantadas por Struensee, o amante
da rainha e, indo mais longe, com a abolição da escravidão, que libertou os
camponeses.
Em
matéria de história real, eu prefiro Branca de Neve e os 7 Anões. Em matéria de
fatos históricos, fica, sim, um gostinho na boca, uma vontade de que alguém
faça um filme sobre a real história da Dinamarca, sobretudo sobre o longo
reinado de Frederik e a implantação das ideias iluministas naquele país.
Não
causa espanto que Mikkel Boe Følsgaard
tenha ganhado o prêmio de melhor ator no último Festival de Berlim,
interpretando o rei louco. O que espanta é que O Amante da Rainha tenha levado o prêmio de melhor da categoria, no
mesmo festival e que tenha sido indicado ao Oscar 2013 de Melhor Filme Estrangeiro.
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