O mexicano
Alfonso Cuarón nos presenteia com este filme tão bonito, onde
a grandeza externa do Universo contrasta com as angústias que permeiam nosso
universo interno.
O que parece, e talvez, esteja classificado
como, uma obra de ficção, é, na verdade uma obra que diz muito mais com o
psiquismo do que com ficção científica.
Tanto que Cuarón não deu a mínima para as críticas de
astronautas apontando erros científicos no filme, como a posição dos cabelos
dos atores em órbita e coisas do gênero.
É que o filme orbita mesmo em torno de questões muito mais
subjetivas do que técnicas. Que surpresa grata para quem, como eu, não é
chegada em ficção científica!
Gravity fala sobre a vida e
sobre a necessidade de renascer. Ótimo para os que temos nossas dificuldades
com nascimentos e recomeços!
Fala sobre a vida de uma forma simples, como a
vida deve ser, se utilizando de um roteiro minimalista e de um argumento
clichê: a doutora Ryan Stone, interpretada por Sandra Bullock,
perdeu uma filha de 4 anos e está no espaço para consertar o telescópio Hubble junto a uma tripulação que
morre toda logo no começo e o astronauta experiente
Matt Kowalski (George Clooney) passa tempo suficiente ao seu lado para lhe
perguntar se tem alguém na Terra olhando para cima a sua espera.
Aliás, o roteiro é do próprio Alfonso em parceria com seu filho, Jonas Cuarón.
Aliás, o roteiro é do próprio Alfonso em parceria com seu filho, Jonas Cuarón.
A luta da astronauta envolve graves fatores
externos (alheios a sua vontade), mas quem decide se quer continuar VIVA é a
própria personagem.
A grandeza do humano, tão pequeno diante do
Universo imenso!
Um belo filme que, apesar do argumento clichê,
foge do lugar comum ao falar de recomeço e de VIDA de uma forma tão original.
A aterrisagem da astronauta na Terra, depois
que ela faz sua opção pela VIDA, o modo como submerge do mar é cena de grande
simbolismo: a origem da vida, o recomeço, a vida original se (re)formando para
sair caminhando cambaleante em direção a terra firme.
A astronauta nas águas de um útero maior, dando a luz a si mesma. O parto. As dificuldades de vir à luz, de nascer, o que só se torna possível a partir do desejo. A pulsão original que gerou a vida na Terra e que faz a gente nascer e renascer a cada dia.
A astronauta nas águas de um útero maior, dando a luz a si mesma. O parto. As dificuldades de vir à luz, de nascer, o que só se torna possível a partir do desejo. A pulsão original que gerou a vida na Terra e que faz a gente nascer e renascer a cada dia.
Gravity foi o filme de abertura do Festival de Veneza 2013.
O Globo de Ouro de Melhor Direção ele já levou.
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